sábado, 25 de mayo de 2013

Matsyendra Natha e o Dharma no Kali Yuga






Segundo a cronologia dos povos antigos e, portanto, mais próximos às origens da civilização, o tempo possui uma manifestação cíclica que se reveza em quatro Eras consecutivas. Os gregos chamavam à estas Eras de: Ouro, Prata, Bronze e de Ferro. No decorrer desta sequência invariavelmente observa-se uma gradativa decadência física e espiritual do homem que desce das mais altas aspirações manifestas durante o período da Era de Ouro até o materialismo bruto e igualitário que domina a Era de Ferro. Este conceito é compartilhado por muitos povos de fala Indo-Ariana na antiguidade e, entre os Hindus, estas Eras são denominadas: Satya Yuga – a Era da virtude e da verdade, origem das grandes civilizações; Treta Yuga - onde um quarto do equilíbrio de outrora se perde; Dvapara Yuga - onde o Dharma, a ordem cósmica, já está reduzida à metade e finalmente o Kali Yuga - a Era da discórdia na qual vivemos, onde o sentido de unidade social se perde e as pessoas se vêm iludidas por uma eterna luta de classes às quais imaginam pertencer.   

O Kaula Dharma têm sua origem no Satya Yuga quando o sábio (Rshi) Khagendra e sua esposa Vijayamba proclamaram o Dharma, isto pela primeira vez neste ciclo de manifestação, neste “MahaYuga”. A tradição continuou sua expansão através de seus dois filhos Vaktashti e Vimala e suas respectivas consortes.
No Treta Yuga a tradição se espalhou através do sábio Kurma e sua esposa Amala Shakti seguidos por seus filhos Jaitra e Avijita e suas respectivas esposas.
No Dvapara Yuga o Kaula Dharma foi divulgado pelo sábio Mesha e sua esposa KayaMangala. Esta expansão influenciou outras tradições surgidas na Caxemira e outras regiões até a antiga Pérsia e Mesopotâmia. Seus discípulos Vindhya e Ajita divulgaram várias práticas Kaula na direção Ocidental auxiliados por suas consortes Kullai Amba e AjaraMekhala.
No Kali Yuga, que é a Era na qual vivemos, o Kaula Dharma foi divulgado pelo sábio Machchanda também conhecido como Matsyendra Natha. Ele, sua esposa Kumkumamba e seus seis filhos acompanhados de suas companheiras espalharam o Dharma. Seu filho AmaraNatha praticou o Dharma em Tripura Pitha enquanto seu outro filho VaraDeva se dirigiu à Kamakhya junto à sua companheira Eruna, e lá estabeleceram a adoração Kaula com todo seu esplendor e requinte nas regiões ao redor de Karavilla.

No Kali Yuga se manifestam cinco Amnayas Tantrikos, ou seja, cinco tradições principais. Um “Amnaya” é aquilo que é lembrado ou que se sabe de cór. Portanto o mais importante nas práticas Tantrikas não é o conhecimento bibliográfico mas sim a prática consistente que se torna uma segunda natureza do iniciado. Cada uma destas tradições está associada à uma das cinco faces do Senhor Shiva. A tradição do Leste, o Purva Amnaya é reconhecido em alguns aspectos do Taoismo. O Dakshina Amnaya, a tradição predominante no Sul, que influenciou o Pancha Ratra que é uma forma Tantrika do Vaishnavismo e também a escola que hoje é chamada de Shri Vidya. O Uttara Amnaya, a tradição do Norte, influenciou as regiões do Nepal e Tibet e seus cultos autóctones como o Bön. A tradição do Oeste é conhecida como Pashchima Amnaya e provavelmente se integrou à praticas do antigo Crescente fértil. A mais elevada de todas estas práticas é o Urdhva Amnaya que representa a face do Senhor Shiva que olha para cima, Urdhva Mukha.

“ Por estar acima de todos os outros Dharmas Tantrikos o Urdhva Amnaya é superior à todos eles. “
Kularnava Tantra III, verso 17

O Purva Amnaya está associado à Criação e especializa-se no Mantra Yoga, no poder dos encantamentos e do verbo sagrado.
O Dakshina Amnaya é ligado à manutenção do Universo e domina o Bhakti Yoga.
O Uttara Amnaya é associado à gentileza e a promoção dos bons atos, sua especialidade é o Jñana Yoga – a especulação filosófica sobre a natureza do Ser.
O Pashchima Amnaya é associado à destruição do Universo e lá predominam os aspectos irados da Divindade. Sua especialidade é o Karma Yoga, o conhecimento dos ritos e ações (Karmas) que levam à realização do Ser.

“ Portanto, Ó Deusa, aquele que é o mais elevado entre os homens, que recebeu o Urdhva Amnaya pela graça de seu Guru, torna-se o meu favorito. “
Kularnava Tantra III, verso 40

Os demais filhos de Matsyendra Natha se dirigiram à várias regiões e divulgaram o Dharma por onde passaram. Isto também deu origem à seis “costumes” diferentes, chamados Ovalli-s. São eles: Prabhu, Bodha, Pada, Ananda, Yoga e Om. Além de seus seis filhos que se casaram, Matsyendra e sua esposa tiveram outros cinco filhos que permaneceram celibatários: BhattaDvanda, Balkala, Ahindra, Gajendra e Mahidhara que tornaram a tradição mais popular pregando á todas as camadas da população.

O Kali Kula Tantra informa que além dos vários filhos que Matsyendra Natha gerou no plano físico haviam outros filhos de natureza “extra-corporea” que por não possuírem um veículo físico de manifestação não receberam nomes tradicionais sendo reconhecidos por diversos nomes de acordo com os locais nos quais se manifestaram.

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